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Diário da Aula 17: Comunicação para mudanças climáticas

Iniciamos a nona semana do curso YCL com a presença inspiradora de duas figuras proeminentes na comunicação e ativismo climático: Cristiane Prizibisczki e Mahryan Sampaio. A Cristiane é uma jornalista ambiental experiente, que atua como repórter especial e formadora de novos jornalistas na temática das mudanças climáticas. Com uma trajetória notável, ela é ex-bolsista da Universidade de Cambridge, onde desenvolveu pesquisas sobre comunicação climática, e já participou de quatro Conferências das Nações Unidas sobre o Clima (COPs), proporcionando uma visão profunda das discussões globais sobre o tema. Mahryan Sampaio, por sua vez, é uma ativista climática de destaque e Embaixadora da Juventude da ONU. Graduada em Relações Internacionais e especializada em Direitos Humanos e Lutas Sociais pela UNIFESP, Mahryan é cofundadora e Diretora de Incidência Política do Instituto Perifa Sustentável, onde mobiliza jovens para construir uma agenda climática inclusiva e justa. Ambas trouxeram contribuições fundamentais sobre o papel da comunicação na luta contra as mudanças climáticas.


A Cristiane iniciou o encontro trazendo uma linha do tempo sobre a evolução da comunicação climática. Ela lembrou que já em 1968, cientistas começaram a prever o derretimento das calotas polares, mas foi apenas em 1990 que a questão climática começou a ganhar atenção da mídia. Nos anos 2010, a cobertura sobre o tema foi formalizada, mas ainda seguia uma abordagem de "dois lados" - dando espaço tanto para cientistas que comprovavam as mudanças climáticas quanto para aqueles que negavam a realidade. Uma transformação importante ocorreu em 2018, quando a BBC eliminou a exigência de mostrar “o outro lado” nas questões climáticas, marcando uma mudança séria no jornalismo ambiental. No ano seguinte, o jornal The Guardian também ajustou suas diretrizes e passou a adotar termos como "emergência climática" e "colapso climático" no lugar de “mudança climática”, intensificando a narrativa sobre a urgência da situação.



A questão do "o que comunicar?" também foi amplamente discutida. Cristiane destacou a importância de reportar tanto os problemas quanto as soluções, e alertou sobre a presença das fake news climáticas - notícias falsas propagadas por grupos de interesses que buscam confundir o público. Atualmente, alguns desses grupos têm alterado sua abordagem, afirmando que as mudanças climáticas são reais, mas naturais e normais ao planeta. Como uma forma de combater essas informações, ela sugeriu o episódio 27 do podcast O Eco (Entrando no Clima #27: Fake news climática e voto dissonante com a realidade) e o site Fakebook.eco, que desmente mitos sobre o tema.


Para romper as barreiras da desinformação e "furar a bolha", Cristiane aconselha que a comunicação comece "pelas beiradas", buscando encontrar pontos em comum para abrir diálogos. Ela comentou ainda que, infelizmente, o agravamento da crise climática torna 

o diálogo mais acessível, pois as pessoas estão começando a sentir seus efeitos de forma direta.Cristiane compartilhou estratégias de comunicação variadas e apresentou conteúdos multimídia para ilustrar os impactos climáticos. Um dos vídeos apresentados foi de Andy Revkin, que utilizou a música para transmitir a urgência da questão climática. Ela também mostrou a música A Onda do Calor de Tiago Araripe, em parceria com Clarissa Araripe, e um exemplo de humor em vídeo “Tudo o que você sempre quis saber sobre NDC mas tinha medo de perguntar”, do Observatório do Clima, que traz uma explicação acessível sobre os NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) em um formato leve e didático.

Finalizando o encontro, Cristiane reforçou que estamos em um processo de aprendizado contínuo sobre como comunicar questões ambientais. Ela destacou que a esperança não é uma opção; é a força que nos move para transformar o cenário atual.

a Mahryan iniciou reforçando que todos podem e devem comunicar as questões climáticas, e que não devemos restringir nosso discurso à própria bolha. Ela destacou o conceito de educomunicação, que traduz dados complexos em informações acessíveis, ajudando a envolver diferentes públicos. Mahryan enfatizou a importância de juntar arte e clima para sensibilizar a pauta e ampliar o alcance, especialmente nas periferias e em contextos locais.



Ela mencionou o projeto "Clima de Quebrada", realizado em escolas públicas de São Paulo com mais de 200 jovens, que utiliza música, grafite, jornalismo e outros formatos para transformar jovens em agentes de comunicação em suas comunidades. Mahryan ressaltou que a conexão com a realidade local e o uso de uma linguagem acessível são fundamentais para aproximar as pessoas da temática climática.


Ela também ofereceu estratégias valiosas para engajamento nas redes sociais, sugerindo o uso de roteiros e a criação de conteúdos que aproveitem eventos em alta, trazendo as questões ambientais para o foco. Com exemplos inspiradores, como Greta Thunberg e sua iniciativa de protesto com um cartaz, Mahryan ilustrou como ações locais podem atrair atenção global e gerar impacto.

Essa aula foi, sem dúvida, especial para mim. A paixão das palestrantes e a forma prática como abordaram a comunicação climática reforçam o quanto é possível tornar essas informações acessíveis. Fiquei especialmente motivado a continuar comunicando questões ambientais de maneira simples, alcançando cada vez mais pessoas. Aprendi muito sobre como comunicar formalmente e através de ações transformadoras – resumindo, foi sensacional!

Até a próxima!


Sobre as palestrantes:

Cristiane Prizibisczki

Jornalista ambiental e atua como repórter especial e capacitador de novos jornalistas para o tema das mudanças climáticas É ex-bolsista da Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde desenvolveu pesquisa sobre a comunicação das mudanças do clima, e já cobriu presencialmente quatro Conferências do Clima das Nações Unidas (COP). É licenciada em Jornalismo e mestranda em Conservação da Biodiversidade (ESCAS-IPÊ/Brasil). Já escreveu para veículos nacionais e internacionais, como Valor Econômico, UOL, Editora Abril e Ecosystem Marketplace, e desde 2007 colabora para ((o))eco.


Mahryan Sampaio

 É ativista climática e Embaixadora da Juventude da ONU. Graduada em Relações Internacionais, possui especialização em Direitos Humanos e Lutas Sociais pela UNIFESP. Cofundadora e Diretora de Incidência Política do Instituto Perifa Sustentável, trabalha mobilizando jovens para a construção de uma agenda climática justa e inclusiva. É Conselheira do Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBEA) e integra o Youth Sounding Board Brazil, aconselhando os acordos de cooperação Brasil-União Europeia.


Texto escrito por Andressa Soares, Engenheira ambiental e participante da 11a edição do Curso YCL Mudanças climáticas: panorama, desafios e oportunidades para jovens profissionais.

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