Entramos na sexta semana do curso YCL com duas grandes figuras femininas: Anne Heloísa e Andreia Coutinho Louback, que iniciaram a aula com uma dinâmica de apresentação e logo introduziram um tema crucial – justiça climática.
Anne Heloísa é mestranda em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, com foco em "Justiça e Direitos Humanos na América Latina". Já Andreia Coutinho Louback é jornalista pela PUC-Rio, mestre em Relações Étnico-raciais pelo CEFET/RJ e bolsista da University of California, Davis (UC Davis), com o apoio da Fulbright. Ambas integram o Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC).
Andreia começou provocando reflexões, especialmente ao mostrar como a mídia influencia o debate sobre justiça climática, trazendo exemplos de reportagens e destacando a importância de nos posicionarmos nas redes sociais. Citando Angela Davis, ela reforçou que "justiça climática é de fato o marco zero da justiça social". Para ilustrar como esse conceito está perto de nós, mencionou a desigualdade em sua própria cidade, onde há áreas ricas em recursos ao lado de outras com infraestrutura precária. Isso exemplifica como certas populações são desproporcionalmente expostas aos riscos socioambientais, muitas vezes devido à sua localização geográfica.
Ela também apresentou o trabalho do CBJC, cujos principais eixos são pesquisa e dados, educação climática, incidência política, comunicação e mídia. Um ponto forte foi a ênfase na necessidade de investimento em espaços formais e informais de educação para multiplicar saberes e formar novas comunidades.
Anne trouxe o conceito de "sociedade de risco", explicando como as ameaças naturais têm se transformado em ameaças sociais, econômicas e políticas. Ela mencionou um estudo feito pelo Observatório das Metrópoles, que cruzou dados sobre as enchentes no estado onde moro com a composição racial das áreas afetadas. O estudo comprovou que a maioria das famílias afetadas eram negras, grupos historicamente vulneráveis.
Ela também destacou os princípios que norteiam o eixo de educação climática do CBJC, como metodologias afro-referenciadas, participação popular, cidadania ativa, educação popular e uma abordagem antirracista e decolonial.
Tivemos a oportunidade de ouvir sobre as formações oferecidas pelo CBJC, como o projeto SEMEA DEIRAS, que envolve mulheres quilombolas e de diferentes idades da ilha de Cotijuba, em Belém. As duas compartilharam as experiências incríveis que vivenciaram nessas formações.
No fechamento da aula, Andreia reforçou que a justiça climática diz respeito à horizontalidade das soluções ambientais e climáticas. Ela ainda nos recomendou duas leituras excelentes: o "Guia para Justiça Climática" e a obra "Quem Precisa de Justiça Climática no Brasil?".
Nos últimos 30 minutos, tivemos um tempo para dúvidas, que geraram discussões muito ricas. Foi uma aula densa, com muitos pontos para refletir e absorver. Estou ansiosa pelas próximas!
Até mais!
Sobre as palestrantes:
Anne Heloíse Barbosa do Nascimento
Mestranda em Direito na Universidade Federal de Pernambuco, na linha de pesquisa "Justiça e Direitos Humanos na América Latina". É extensionista do projeto Acesso ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos (aSIDH/UFPE), Coordenadora de Educação Climática do Centro Brasileiro de Justiça Climática, Diretora de Advocacia do Instituto DuClima, além de Articuladora nacional da organização de jovens Engajamundo, aonde atua como liderança na Coalizão de Ação Feminista para a Justiça Climática do Fórum Geração Igualdade da ONU Mulheres. É pesquisadora com publicações nos periódicos Lancet Planetary Health, Suprema e Revista Brasileira de Políticas Públicas. Já ministrou formações para organizações como Youth Climate Leaders, Attainable e The Brookings Institution.
Andreia Coutinho Louback
Jornalista pela PUC-Rio, mestre em Relações Étnico-raciais pelo CEFET/RJ e bolsista da University of California, Davis (UC Davis) com apoio da Fullbright. Reconhecida como uma das vozes expoentes no debate de raça, gênero e classe na agenda climática no Brasil, é também fundadora do primeiro Centro Brasileiro de Justiça Climática voltado exclusivamente para a população negra, cujo foco é comunicação, pesquisa, educação climática e incidência política. Entre suas principais contribuições como especialista no campo da pesquisa e produção de conhecimento, destacamos a idealização de um estudo inédito intitulado "Quem precisa de justiça climática no Brasil?", lançado pelo Observatório do Clima; o "Guia para justiça climática: tecnologias sociais e ancestrais para o enfrentamento do racismo ambiental", da Casa Fluminense. É conselheira da Action Aid Brasil, Climate HUB | Columbia Global Centers, Prefeitura do Rio de Janeiro e Instituto Mapinguari.
Texto escrito por Andressa Soares, Engenheira ambiental e participante da 11a edição do Curso YCL Mudanças climáticas: panorama, desafios e oportunidades para jovens profissionais.
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