Na décima aula do curso YCL, tivemos a presença de Marco Túlio Coutinho, um verdadeiro especialista em finanças e sustentabilidade. Ele possui uma bagagem impressionante, com consultoria em valores mobiliários (CVM), análise (CNPI), MBA em Gestão Empresarial e Planejamento Tributário, além de ser especialista em compliance regulatório. Marco começou a aula de forma descontraída, pedindo que o enxergássemos como um "representante capitalista" para entendermos melhor a complexidade dos negócios nesse cenário.
Logo de cara, trouxe uma provocação importante: precisamos falar a língua de quem paga a conta. Ele ressaltou que é necessário furar a bolha e adotar uma abordagem menos romântica, pois o capital é essencial para ocuparmos espaços e promovermos mudanças reais. O mercado está cada vez mais atento aos investimentos sustentáveis, não apenas para proteger o capital, mas também porque há uma crescente relação entre sustentabilidade e mercado de capitais.
Marco destacou que, no contexto capitalista, seu papel é expor as inconsistências e falhas dos negócios não sustentáveis, sempre usando uma linguagem que o mercado compreenda. Ele enfatizou que essa tarefa não é fácil, pois há resistência a essas questões. No entanto, para atrair o capital dos investidores para tecnologias mais sustentáveis, é preciso ser estratégico e usar os incentivos certos.
A aula incluiu uma introdução sobre conceitos financeiros, como renda fixa e variável, e o funcionamento do sistema financeiro. Marco explicou que o Conselho Monetário Nacional (CMN) dita as normas, o Banco Central gerencia as políticas e regula os bancos, a CVM atua como xerife do mercado, e a ANBIMA fortalece a representação.
Quando entramos na questão da taxonomia, Marco explicou que ela funciona como uma régua, permitindo medir e comparar metodologias no mercado de capitais. O ESG (ambiental, social e governança) foi outro tópico central. Ele mencionou que 87% dos brasileiros preferem comprar de empresas sustentáveis e que práticas como a redução de CO2 e o uso de tecnologias limpas estão cada vez mais em alta.
No entanto, um dos maiores desafios é garantir transparência e responsabilidade no mercado, criando normas e diretrizes claras. Essa é a chave para manter a confiança dos investidores e consumidores. Além disso, as parcerias público-privadas são essenciais para enfrentar os desafios ambientais e sociais e garantir um retorno a longo prazo.
Algo que chamou minha atenção foi o fato de que 99% dos investidores consideram as divulgações ESG essenciais para garantir um investimento real e evitar fraudes. Porém, ainda predomina a motivação individual para investir em projetos sustentáveis, o que, embora esperado, reflete a dificuldade de se pensar no coletivo.
Por fim, Marco nos deixou com uma reflexão: para que o dinheiro flua para os projetos sustentáveis, precisamos de uma régua universal, que permita a interoperabilidade entre mercados globais. Isso permitiria que um investidor muito rico, digamos, no Canadá, pudesse investir em uma empresa como a Votorantim, desde que comprovado que ela realmente segue práticas verdes.
Essa aula foi desafiadora e me tirou da bolha, abrindo um novo olhar sobre o papel da economia na sustentabilidade. Até a próxima semana!
Sobre o palestrante:
Marco Túlio Coutinho
Consultor de Valores Mobiliários (CVM), Analista de Valores Mobiliários (CNPI), MBA em Gestão Empresarial e Planejamento Tributário, e Especialista Compliance Regulatório, com ampla experiência em seleção de gestores de recursos, due diligence, estruturação de produtos de investimentos para investidores institucionais e em análise ESG. Coordenou o desenvolvimento de políticas de investimento responsável e de Stewardship em um dos maiores Fundos de Pensão do País. Vice-presidente de clientes institucionais da Brunel Partners e Especialista ABRAPP.
Texto escrito por Andressa Soares, Engenheira ambiental e participante da 11a edição do Curso YCL Mudanças climáticas: panorama, desafios e oportunidades para jovens profissionais.
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